Divindade ou Entidade?

Porventura caro amigo leitor, você já teve a oportunidade de ver uma foto do Jesus preexistente? Certamente a resposta será um sonoro não. Porém, eu acredito que poderia ser algo parecido com essa figura ao lado. Muito provavelmente essa é a imagem perfeita do Jesus preexistente que existe na mente de uma multidão enorme de cristãos. É o misticismo que tomou conta do Protestaismo e do Catolicismo – Jesus é o ser, é o misterioso homem que veio do céu, aquele que venceu porque era (um) Deus, o iluminado, o invencível homem de aço, o Super Homem disfarçado de Clark Kent. Porém, com Jesus foi um pouco diferente: Ele veio do espaço – já adulto – para habitar no corpo gerado no ventre de Maria.

É dessa forma que milhões de cristãos crêem, sejam eles católicos ou protestantes: que um veio habitar no outro – a parte divina dele desceu para habitar na parte humana. Essa parte divina, crêem, é aquela que não morreu, que não foi gerada por Maria. Acreditam que ela apenas gerou o corpo de Jesus. Está é uma maneira terrível de confessar que ele não veio em carne (1 João 4:2; 2 João 1:7), o que vai ser assunto para outro artigo.

Gostaria de aproveitar essa oportunidade tão preciosa para fazer uma pergunta: A parte de Jesus que não morreu ficou onde quando ele morreu, dentro ou fora do corpo dele? Vou aguardar a resposta sentado …

Os cristãos e religiosos em geral, seja ele católico ou evangélico, entendem a divindade de Jesus de uma forma extremamente extraordinária: Jesus era do outro mundo. Ou seja, Jesus era divino porque não tinha um corpo semelhante aos outros nascidos de mulher. Concluem dessa forma por ter sido ele gerado por obra e graça do Espírito Santo através de uma diviníssima criatura chamada Maria, que também não participou, segundo os católicos, da natureza legada aos seres humanos.

Obviamente muitos concordam que Jesus foi humano, mas o problema é quando alguém realmente mostra como ele era mesmo humano – é aqui que entram os protestos. Entre os católicos podemos encontrar facilmente aqueles que não concordam que Maria possa ter gerado um ser humano como os outros por vários motivos, dentre eles o mais popular: ela não carregou a mancha do pecado original, era especial, divina e celestial espacial; ela não poderia ter gerado um ser humano, mas um Deus.

Infelizmente os cristãos da nossa geração tem uma visão de Jesus como tinham àqueles que vieram de uma origem grega ou romana, que acreditavam que o termo “filho de Deus” significava uma encarnação de um deus ou alguém nascido de uma união física entre os deuses masculinos e femininos. Isso pode ser visto em Atos 14: 11-13, onde lemos que, quando Paulo e Barnabé pregaram em uma cidade da Turquia, os pagãos afirmavam que eles foram a encarnação de deuses. A Barnabé chamavam o deus romano Zeus, e Paulo, o deus romano Hermes.

Vamos examinar um problema. Quem morreu na cruz? E se aquele que morreu na cruz era Deus, então Deus ficou morto por “três dias”! É consistente com o Antigo Testamento expressar algo desse tipo? E se o Doador da Vida foi mesmo morto, quem mais poderia trazer de volta à vida? Quem cuidou do universo antes da ressurreição de Deus?

Para muitos cristãos, Deus teve de assumir a forma humana para compreender a tentação e o sofrimento humano, mas o conceito não se baseia em quaisquer palavras claras de Jesus. Em contraste, Deus não precisa ser tentado e sofrer, a fim de ser capaz de compreender e perdoar os pecados do homem, ou mesmo para ficar sabendo como sofrem ou o que sofrem, porque Ele é o Criador do homem e onisciente. Deus não enviou seu amado Filho por esse motivo, como se querendo saber que sentimento tem os humanos debaixo da servidão e opressão. Isso está expresso em Êxodo 3:7,

E disse o Senhor: Tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheci as suas dores“.

Muitos cristãos afirmam que no nascimento de Jesus ocorreu o milagre da encarnação de Deus na forma de um ser humano. Dizer que Deus se tornou verdadeiramente um ser humano convida a uma série de perguntas. Vamos perguntar o seguinte sobre o homem-Deus Jesus. O que aconteceu com seu prepúcio após sua circuncisão (Lucas 2:21)? Será que desapareceu quando ele tornou-se adulto se manifestando como [um] Deus? Durante sua vida, o que aconteceu com seu cabelo, unhas e sangue derramado de feridas? As células de seu corpo morreriam como nos seres humanos comuns? Se o seu corpo não funcionou de uma forma verdadeiramente humana, ele não poderia ser verdadeiramente humano, mas verdadeiramente Deus, o que não foi o caso. Assim, se o seu corpo funcionou exatamente de um modo humano, isso anularia qualquer alegação de divindade. Seria impossível para qualquer parte de Deus, mesmo se encarnado, ser submetido ao que Jesus foi submetido e ainda ser considerado Deus. A verdade é que, Jesus no seu corpo sofreu as sequelas da decadência humana durante sua vida aqui, logo, ele não poderia ser Deus. Infelizmente muitos acreditam, mesmo com o testemunho das Escrituras apresentando Jesus como um ser humano normal, que ele não foi submetido a essa ‘decadência’ concluindo que ele era verdadeiramente [um] Deus.

Muitos atribuem a Jesus uma divindade mística corporal, ou seja, um homem com um corpo divino, o que seria dizer: homem com carne divina. Isto não está de acordo com a divindade de Cristo, mas está de acordo com a divindade do Cristo avatar andróide místico. A divindade de Jesus esta ligada a sua autoridade espiritual, que o envolve na missão para a qual, só Ele, foi o escolhido, salvar a humanidade, o que fez como homem, e não como um Deus, ou o próprio Deus, literalmente.

A interpretação de divindade herdada do catolicismo sobre a pessoa de Jesus parece estar ligada a divindade da carne, o que não passa de heresia, pois o que insinuam é que no corpo do Filho e da mãe não corria o sangue dos descendentes de Adão e Eva. E isso não está de acordo com Atos 17:26, onde ficamos sabendo que Deus “… de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra…”. Quando afirmam que Jesus e Maria não foram gerados como os outros seres humanos, eles acabam transformando-os em dois deuses, dois seres, e sem o perceber, ou talvez por cegueira e teimosia, eles divinizam àqueles que vieram da descendência do primeiro casal criado, e isso é heresia. Ninguém que tenha sido gerado de uma maneira diferente dos nascidos de mulher poderia fazer essa oração: “… o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador“, Luc 1:47

Isso transforma o católico numa pessoa que tem uma fé baseada em conhecimento místico e experimental do divino nos objetos e corpos mortos e pessoas vivas, o que é mais parecido com um gnosticismo misturado com misticismo do que o Cristianismo do Novo Testamento, e é uma característica de todas as religiões místicas.

Creio com toda minha convicção que ninguém sensato e de boa mente, jamais diria que temos na passagem que se segue a descrição de [um] Deus. Certamente o profeta Isaías fazia referência a um homem,

1 QUEM deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou o braço do Senhor?

2 Porque foi subindo como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos.

3 Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum.

4 Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.

5 Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Isaías 53

Muitos, principalmente entre católicos, detestam ouvir falar do Jesus homem que veio em carne, o último Adão, como afirma Paulo em I Cor 15:45, pois, se é assim, o que é fato, Maria teria que descer de onde a colocaram: o de humana e não divina. Provavelmente isto o catolicismo romano jamais permitirá.

Um católico resumiu:

“… Temos agora evangélicos-protestantes que negam a divindade de Jesus. Ignorando toda a discussão teológica nos concílios da Igreja e que definiram a Trindade, bem como a divindade de Jesus, afirmam que Jesus era apenas um homem, do seu nascimento até a ressurreição”.

O problema principal é que o catolicismo tem como meta somente proteger a pureza de Maria. Tudo que escrevem e anunciam sobre a divindade de Jesus tem como objetivo defender Maria e sua divindade. E o problema se torna ainda mais sério quando fica patente que o catolicismo não tem disposição alguma em confessar que Jesus veio em carne. É como se estivessem bloqueados. Portanto, com esse objetivo crônico em negar a humanidade plena de Jesus, apenas demonstram que querem proteger a divindade de Maria.

Hebreus 2:9 afirma que Jesus foi feito inferior aos anjos,

Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos”.

O detalhe do escritor da carta aos hebreus é por demais interessante. Ele lembra sobre “aquele Jesus”, ou seja, aquele que aqui andou, que era um homem, um ser humano. Afinal, “aquele” de um passado recente, o Jesus de Nazaré. Isso deixa implícito que ele aludia a uma pessoa, uma figura histórica, e não a [um] Deus.

Jesus era humaníssimo, mas os anjos não, tanto que a Escritura diz que quando os salvos chegarem a glória celeste serão como os anjos, sem nada de humano, criaturas totalmente destituídas de vestígios terrenos, pois terão seus corpos transformados:

Mar 12:25 “Porquanto, quando ressuscitarem dentre os mortos, nem casarão, nem se darão em casamento, mas serão como os anjos que estão nos céus”.

Portanto, se tomamos por base a interpretação de divindade do ponto de vista católico romano, então podemos facilmente perceber que a palavra divindade desaparece se aplicadas a Jesus e Maria dando lugar a palavra entidade.

A divindade que eles exigem esta ligada para além deste mundo, uma definição de divindade que ultrapassa as mais altas nuvens, cheia de espiritualismo, que acabou criando uma onda de misticismo envolvendo a pessoa de Jesus e Maria. Ou seja, diante da exigência espiritual temporal, que transformaram Jesus e Maria em dois seres, que é uma herança da interpretação católica, descobre-se que o Jesus histórico e sua mãe desaparecem por completo, dando lugar a duas figuram que se manifestaram entre os homens, oriundas de cima mesmo, literalmente – Fizeram deles duas entidades que baixaram entre os seres humanos!

Esse misticismo todo envolvendo a pessoa do salvador e sua mãe fez com que surgissem dois seres do alto, envoltos em mistério, que obrigaram a mente divina católica desaparecer com a verdadeira identidade de Jesus de Nazaré. O catolicismo romano passa a seus fiéis um Jesus, que mesmo em vida era um Deus, tendo ao seu lado outra figura divina, sua mãe. Maria e Jesus foram transformados em duas coisas do outro mundo, criaturas que se manifestaram na terra de uma maneira diferente dos humanos.

O Católico quando quer definir a divindade de Jesus, logo posiciona a mãe na frente do filho que ela gerou. Assim, transformam Maria numa figura esplendidamente embelezada e revestida com roupagem doutrinaria católica; não a Maria bíblica, a judia e mãe, mas sim a divindade/entidade que tomou impulso por causa da suposta virgindade, o que explicaria o título de santíssima, pois é esse o único motivo que reforça sua divindade, a sua virgindade que a transformou em diviníssima. Isso pode ser notado pela ênfase dada a pessoa de Maria, considerando-a não humana, o que, provavelmente os levem a pensar que a natureza dos deuses tenha criado nela o desinteresse pelo o que é carnal, dando a Maria o poder da abstinência, da pureza sexual, que por fim fez dela a milagrosa, divina, pura e imaculada. Provavelmente o catolicismo visualiza Maria como alguém que não foi gerado como foram os outros seres humanos, o que supostamente criou nela uma blindagem que a protegia do lado impuro humano. Associaram a figura de Jesus à figura da mãe, transformando-o numa coisa, onde numa metade dele morava Deus mesmo e na outra metade um homem diferente dos humanos. Ou seja, o católico pensa que Deus movia e animava o corpo de Jesus.

A divindade de Jesus esta ligada a sua missão que gerou sua obediência, fazendo dele um homem casto não por exigência religiosa de deuses internos e externos, mas sim por amor a Deus, dedicação e posição. Bem diferente da divindade exigida pelo catolicismo, que estaria no corpo divino espacial, nos cabelos de aço, olhos de bronze e visão de raio X, que sugere o homem misterioso e formado de uma maneira oculta dentro de um ventre celestial. Jesus e Maria, segundo o catolicismo, são dois mistérios da revelação de Deus, cheios de poder outorgado por algum Deus do olimpo.

Por isso que milhões entendem que as roupas e as sandálias de Maria, como também seu leite conservado em potes, guardado com chaves de ouro nos aposentos de alguns mosteiros divinos, eram igualmente divinos. Sem contar as centenas de objetos espalhados por tantos outros mosteiros ao redor do planeta: pregos divinos, mantos divinos, lascas de madeiras da cruz divina e etc… Não é de admirar que possam divinizar dois humanos.

Por fim, e resumindo em poucas palavras o que registro até aqui, quero dizer que, o catolicismo quando tenta definir o que é divindade, em se tratando da pessoa de Jesus e sua mãe, estão simplesmente interpretando como se eles fossem duas entidades. Eles transformaram o Salvador e a virgem em entidades católicas romanas. Isso faz com que eles desçam aos porões do diviníssimo misterioso oculto, o que é um perigo – isso é espiritismo. Jesus não foi um espírito que baixou na terra! E mesmo que Ele tenha sido gerado de uma maneira totalmente incrível, ele foi, sem duvida, 100% homem.

3 comentários em “Divindade ou Entidade?”

  1. Faltou mais conhecimento ao falar que “o catolicismo não tem disposição alguma em confessar que Jesus veio em carne.” Esta afirmação que é séria. Talvez você nunca tenha lido o Credo Niceno-Constantinopolitano: “Deus verdadeiro de Deus verdadeiro”; talvez nunca tenha lido o Ato de Louvor: “Bendito seja Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.”; talvez nunca tenha lido a Suma Teológica…

    1. A expressão “verdadeiro Deus e verdadeiro homem” é uma invenção da mente humana, que não possui respaldo bíblico, constituindo-se, por si só, um conceito totalmente ilógico (pois, sendo Deus, Jesus jamais poderia morrer).
      Bíblico é entender que Jesus era um homem perfeito como afirma a carta aos Hebreus: “Por isso convinha que EM TUDO fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo” (Hebreus 2:17).

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